Campeão de longevidade no poder, o presidente de Camarões, Paul Biya, de 92 anos, foi proclamado vencedor para um oitavo mandato de sete anos, após o Conselho Constitucional anunciar sua vitória com 53,66% dos votos. A decisão, publicada em 27 de outubro de 2025, gerou uma onda imediata de protestos em diversas cidades, especialmente na capital econômica Douala e no norte do país, como Garoua e Maroua.
Os manifestantes, apoiadores do candidato da oposição Issa Tchiroma Bakary, acusado de manipulação e fraude eleitoral, tomaram as ruas para exigir a anulação dos resultados. Em resposta, as forças de segurança utilizaram gás lacrimogêneo, canhões de água e munição real, provocando pelo menos quatro mortes entre os protestantes, além de diversos feridos de ambos os lados.
Esse cenário marca visceralmente a fratura política do país, onde o presidente mais velho do mundo em exercício mantém há décadas controle firme e controverso do poder, desafiando o envelhecimento e a crescente insatisfação popular. A oposição reclama da falta de transparência e da repressão ativada contra manifestantes e vozes dissidentes, incluindo prisões de políticos ligados ao movimento contrário a Biya.
Issa Tchiroma, um veterano do regime que rompeu com o presidente e mobilizou forte apoio com discurso em favor do federalismo e da solução da crise anglófona, declarou golpe de confiança na Justiça eleitoral e insta à população a continuar mobilizada.
A crise política se agrava em um país já marcado por conflitos étnicos, insurgências separatistas e problemas sociais profundos, que agora enfrentam forte tensão diante da continuidade do governo Biya.


