A jornalista e fotógrafa Fatma Hassouna, protagonista do documentário “Put Your Soul On Your Hand And Walk”, morreu em um bombardeio israelense na última quarta-feira (16). O ataque matou também nove membros de sua família e ocorreu em um campo de deslocados na Faixa de Gaza, segundo a Defesa Civil local.
O documentário, dirigido pela cineasta Sepideh Farsi, havia sido selecionado para o Festival de Cannes apenas um dia antes da morte de Fatma. A estreia estava marcada para o dia 14 de maio, com exibições até 23 de maio.
Bombardeio atinge campo de deslocados
O ataque que matou Fatma Hassouna deixou ao menos 40 mortos. A Associação do Cinema Independente para a sua Difusão (ACID), responsável pela curadoria da mostra paralela de Cannes, confirmou a morte da jornalista e lamentou o ocorrido em nota pública.
“Seu sorriso era tão mágico quanto sua tenacidade: testemunhando, fotografando Gaza, distribuindo comida apesar das bombas, do luto e da fome”, declarou a ACID. A organização garantiu que o documentário será exibido em sua homenagem.
Documentarista relembra últimos contatos
A diretora Sepideh Farsi revelou que conversou com Fatma por vídeo apenas dois dias antes do ataque. “Ela me mostrou a barriga da irmã grávida”, relatou. A cineasta ainda tentava ajudar Fatma a conseguir deixar Gaza com apoio da Embaixada da França, porém a jornalista hesitava.
“Ela disse: ‘Eu vou, mas preciso voltar. Não quero deixar Gaza’”, contou Farsi. A diretora agora busca informações sobre a sobrevivência dos demais familiares da jornalista.
Ativismo e reconhecimento internacional
Com mais de 27 mil seguidores no Instagram, Fatma Hassouna usava sua fotografia para denunciar os impactos da ocupação israelense e da guerra. Suas imagens foram publicadas em veículos como The Guardian e outros portais internacionais.
Em sua bio no Instagram, ela se descrevia como “uma mulher corajosa que persegue a luz em busca de espanto“. Seu trabalho a tornou uma referência na cobertura visual da crise em Gaza.
Cresce o número de mortos na Faixa de Gaza
Desde outubro de 2023, com a intensificação dos bombardeios de Israel, mais de 50 mil palestinos morreram, segundo o Ministério da Saúde da Palestina. Entre as vítimas estão 15 mil crianças, o que reforça o impacto da guerra sobre civis.