Tiro no Pé

Endeusado por Bolsonaro, Donald Trump dobra tarifa sobre aço do Brasil

Com aval da Casa Branca, tarifa sobe para 50% e revoga acordo de 2018; indústria brasileira entra em alerta

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Equipe de jornalistas do Jornal DC - Diário Carioca

Washington (EUA), 3 de junho de 2025 — O presidente Donald Trump, condenado por abuso sexual e endeusado por Jair Bolsonaro e a extrema-direita brasileira, assinou nesta terça-feira um decreto que eleva para 50% a tarifa sobre as importações de aço e alumínio, afetando diretamente o Brasil, um dos principais exportadores desses metais aos Estados Unidos.


Trump pressiona exportadores e ameaça indústria brasileira

A decisão foi comunicada pela porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, e entra em vigor à 00h01 desta quarta-feira (4). A medida duplica a alíquota anterior de 25%, imposta ainda no primeiro mandato de Trump. O argumento oficial é o de “segurança nacional”, mas a escalada protecionista mira diretamente aliados comerciais estratégicos, como Brasil, Reino Unido e Japão.

A indústria siderúrgica brasileira, já enfraquecida, deve sentir um impacto imediato. Desde 2018, as exportações do setor operam sob restrições. Agora, com a tarifa de 50%, empresas nacionais terão dificuldade ainda maior para competir no mercado americano — responsável por uma fatia significativa de suas vendas externas.


Revogação do acordo de 2018 e desprezo por Lula

A nova taxação derruba o acordo firmado entre os dois países durante o governo Temer, que fixava cotas de exportação em troca da manutenção das tarifas. O gesto de Trump é um recado direto à diplomacia brasileira: mesmo após tentativas de negociação por parte do vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB), em março, os EUA mantiveram a linha dura.

À época, Alckmin viajou a Washington em nome do presidente Lula (PT) para evitar o aumento tarifário, sem sucesso. A recusa escancara o desprezo do governo republicano por acordos com o atual governo brasileiro e reforça a guinada unilateralista da política comercial americana.


Retórica nacionalista e ameaça global

Durante um comício na sexta-feira anterior (31), em uma unidade da United States Steel, na Pensilvânia, Trump antecipou a medida com sua retórica habitual. “Com 25%, eles ainda pulam a cerca. Com 50%, não conseguem mais. Ninguém mais vai roubar sua indústria”, disse a uma plateia de operários.

Além do ataque aos rivais comerciais, o republicano defendeu a compra da siderúrgica norte-americana pela japonesa Nippon Steel, desde que, segundo ele, haja “algum tipo de controle americano” na operação — mais um indício da doutrina econômica baseada no controle nacional dos ativos estratégicos.


Brasil perde mercado e poder de barganha

O Brasil é hoje um dos três maiores fornecedores de aço aos EUA. A nova tarifa, portanto, representa não apenas uma perda financeira direta, mas também o enfraquecimento de sua posição geopolítica e econômica diante de um parceiro comercial central.

A Absteel (Associação Brasileira do Aço) ainda não se pronunciou oficialmente, mas dirigentes do setor já admitem que usinas brasileiras podem suspender contratos e demitir trabalhadores nas próximas semanas. A medida pode provocar um efeito em cadeia, atingindo setores dependentes da produção siderúrgica, como construção civil e automobilístico.


Tensões diplomáticas e riscos judiciais

O decreto foi publicado sob uma base jurídica distinta da Lei de Poderes Econômicos Internacionais de Emergência (IEEPA), anteriormente usada por Trump e já contestada nos tribunais. Dessa vez, a Casa Branca se ampara em outra legislação — que, por ora, garante validade ao aumento das tarifas.

No entanto, a legalidade do decreto pode ser questionada judicialmente. Cortes federais já anularam medidas semelhantes, e aliados comerciais dos EUA devem pressionar pela reversão ou modulação das tarifas até o prazo final de negociação, em 9 de julho.


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