Isolado

Empresários dos EUA exigem suspensão da Bolsotaxa contra o Brasil

Pressão contra Trump cresce: gigantes do comércio americano temem colapso em relações com o Brasil

JR Vital
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JR Vital
JR Vital é jornalista e editor do Diário Carioca. Formado no Rio de Janeiro, pela faculdade de jornalismo Pinheiro Guimarães, atua desde 2007, tendo passado por...
Donald Trump - Foto: Daniel Torok

Brasília, 15 de julho de 2025 — Em nota conjunta, a U.S. Chamber of Commerce e a Amcham Brasil pediram que Donald Trump suspenda a tarifa de 50% imposta a produtos brasileiros. Associações alertam para danos graves às economias de ambos os países.

Pressão bilionária contra a retaliação
O maior lobby empresarial dos Estados Unidos formalizou sua oposição à tarifa imposta por Donald Trump ao Brasil. Em comunicado assinado pela U.S. Chamber of Commerce e pela Amcham Brasil, as entidades pedem a suspensão imediata da medida, prevista para entrar em vigor em agosto.

Segundo o texto, a tarifa de 50% — anunciada como retaliação pelo suposto “tratamento injusto” dado ao ex-presidente Jair Bolsonaro — ameaça uma das relações comerciais mais intensas da América do Sul. Estima-se que o Brasil seja destino de cerca de US$ 60 bilhões em exportações anuais dos EUA, envolvendo setores como energia, aviação, tecnologia e bens de consumo.

Pequenas empresas na linha de tiro
O comunicado reforça que mais de 6.500 pequenas empresas americanas serão diretamente afetadas pela tarifa, junto a outras 3.900 companhias com investimentos ativos no Brasil. Para os empresários, trata-se de um erro estratégico: ao punir o Brasil, Trump atinge em cheio sua própria base econômica — especialmente o setor industrial, já fragilizado por altos custos logísticos e estagnação de demanda.

A crítica mais dura diz respeito ao uso da sanção como instrumento político. “Tais medidas, adotadas em reação a tensões políticas internas no Brasil, correm o risco de desestabilizar uma das parcerias econômicas mais robustas dos Estados Unidos”, afirmam as entidades.

Famílias americanas pagarão a conta
Com produtos encarecendo e cadeias produtivas ameaçadas, os empresários denunciam que a tarifa atingirá diretamente o bolso das famílias nos EUA. Entre os itens que devem sofrer aumento estão aço, papel, carne processada, insumos agrícolas e componentes industriais — muitos deles insubstituíveis no curto prazo.

Para a Amcham, o impacto será especialmente severo em estados como Texas, Califórnia e Flórida, que concentram boa parte dos negócios com o Brasil. A U.S. Chamber também aponta que o precedente aberto por Trump pode isolar os EUA em futuros acordos multilaterais, já que sinaliza insegurança contratual.

Ausência de diálogo e risco diplomático
Desde que assumiu seu novo mandato em janeiro, Trump ainda não manteve contato direto com o presidente Lula. A ausência de diálogo entre as presidências é vista como agravante da crise.

Como saída, as duas instituições propõem a abertura de um canal de negociação bilateral de alto nível, com envolvimento direto dos presidentes e suas equipes comerciais. O objetivo: reconstruir confiança e impedir que os danos políticos se tornem irreversíveis.

Perguntas e Respostas

Por que os empresários dos EUA rejeitam a tarifa?
Porque ela afeta diretamente seus lucros, encarece insumos e fragiliza cadeias produtivas bilaterais.

Quais empresas americanas são mais atingidas?
Pequenas e médias empresas, além de grandes grupos com operações no Brasil nos setores industrial e de serviços.

A tarifa já está em vigor?
Ainda não. A medida entra em vigor em agosto, mas a pressão para sua revogação é crescente.

O governo Lula foi consultado?
Não. Desde a posse de Trump, não houve diálogo direto com o Planalto sobre o tema.

Há risco de rompimento comercial?
Ainda não há rompimento formal, mas o risco de escalada diplomática é real se a tarifa for mantida.

https://www.diariocarioca.com/wp-content/uploads/2025/09/Parimatch-728-90.jpg
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JR Vital é jornalista e editor do Diário Carioca. Formado no Rio de Janeiro, pela faculdade de jornalismo Pinheiro Guimarães, atua desde 2007, tendo passado por grandes redações.