Moradores do Complexo da Penha, na zona norte do Rio, denunciaram que diversos corpos encontrados na mata da Serra da Misericórdia após a megaoperação policial apresentavam sinais claros de tortura: estavam amarrados, com marcas de facadas e, em pelo menos um caso registrado pela imprensa, até decapitado. A brutalidade dos achados reforça as suspeitas de execuções durante a operação.
Segundo a Associação de Moradores da Penha, 72 corpos foram levados à Praça São Lucas, onde familiares e voluntários organizaram uma fila para reconhecimento das vítimas com auxílio da OAB-RJ. Dez carros com corpos seguiram para o Instituto Médico-Legal (IML). As cenas foram descritas como de desespero e indignação, com denúncias de violência excessiva por parte da polícia.
A Defensoria Pública do Rio confirmou que o total de mortos, incluindo os encontrados na mata, pode ter ultrapassado 130 pessoas após a megaoperação contra o Comando Vermelho.
Uma familiar de uma das vítimas relatou:
“Tinha corpos sem cabeça, com marcas de faca. Não tinha necessidade de fazerem isso. Muita gente morreu. Eles só vêm para matar.”
Diante do luto e revolta, os moradores realizaram uma vigília improvisada na comunidade, com faixas e protestos diretos ao governo estadual. Uma moradora resumiu o sentimento:
“Você mandou fazer essa chacina. Isso não foi operação, isso foi chacina.”
Outras testemunhas denunciaram a desigualdade social que persiste nas favelas, ressaltando que a violência não atinge só criminosos, mas também trabalhadores e famílias que vivem ali. A grave situação expõe o abismo entre a promessa oficial de segurança e o custo humano real das intervenções policiais.
Apesar dos relatos, o governador Cláudio Castro manteve o discurso de que as únicas vítimas foram os quatro policiais mortos, desconsiderando as denúncias de execuções e violência extrema. A Defensoria Pública já iniciou investigação sobre possíveis violações de direitos humanos e exigiu que o Estado apresente a identificação completa das vítimas.


