O major da Polícia Militar Ulisses Estevam, ainda ativo e lotado na 5ª Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) responsável pela Rocinha, pediu ajuda ao traficante Washington César Braga da Silva, conhecido como Grandão ou Síndico da Penha, para recuperar um carro roubado. A solicitação consta em relatório da Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE) que embasou a megaoperação realizada em 28 de outubro nos complexos do Alemão e da Penha.
Em mensagens trocadas, o major enviou foto do veículo a Grandão e informou que estava no Morro da Fé, na Penha, ressaltando a necessidade de “resolver” essa situação, indicando franca relação de cooperação entre policial e criminoso.
Apesar da gravidade da situação, o oficial permanece em cargo ativo, recebendo salário superior a R$ 26 mil no último mês. A Polícia Militar, procurada, não comentou o episódio.
Grandão coordenou a mobilização de administradores do grupo “CPX da Penha” para localizar o veículo, roubado em abril de 2024 e recuperado poucos dias depois.
Estrutura do tráfico no Complexo da Penha
As investigações da DRE também trouxeram à tona documentos e planilhas contabilizando movimentações financeiras do tráfico no Complexo da Penha. No topo da hierarquia está Edgard Alves de Andrade (Doca ou Urso), seguido pelos gerentes Pedro Paulo Guedes (Pedro Bala), Carlos Costa Neves (Gardenal), e Washington César Braga da Silva (Grandão), que atuam no controle operacional e financeiro da facção.
Essas revelações aprofundam o quadro do tráfico, mostrando a complexa rede de conivência e gestão do crime, inclusive com penetração em setores da segurança pública.
