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A magia do carnaval: na Maceió da Beija-flor, não tem Braskem

Esta época de final de ano pertence majoritariamente a uma determinada magia, a magia do Natal, acolhedora, abundante e amorosa. Época de pôr em prática o perdão, a união, o amor ao próximo porque, afinal, era isso que Jesus fazia e gostaria que se fizesse nas celebrações de seu nascimento. Porém, a magnitude de uma festa como o carnaval no Brasil obriga que, de certa forma, natal e carnaval coexistam seja em festa, como o Carnatal, seja na divulgação do álbum com todos os sambas de enredo do carnaval do Rio de 2024. Afinal, quando o carnaval chegar, aquela época de alegria, curtição e exuberância, é preciso saber de cor, entre outros sambas, que meu palácio tem rainha e não é uma qualquer / arreda, homem, que aí vem mulher.

Porém, diante dos acontecimentos das últimas semanas, as atenções estarão voltadas para o desfile da soberana que veste azul e branco. A Beija-Flor de Nilópolis, uma das três maiores campeãs do carnaval carioca, homenageará a capital que afunda há uma década devido a exploração do sal gema pela empresa Braskem. São décadas de carnaval, várias cidades homenageadas, algumas homenageadas até duas vezes, como é o caso de Brasília, mas certamente nenhuma vivendo uma situação tão crítica à época quanto Maceió vive atualmente com quase 60 mil pessoas tendo abandonado suas casas.

O enredo da Beija-Flor tem como personagem Rás Gonguila ou Benedito dos Santos, seu nome de batismo, importante figura do carnaval da cidade e de todo estado de Alagoas. Segundo a biografia disponível no site da Prefeitura de Maceió, Gonguila foi engraxate e carnavalesco, criou o bloco Cavaleiro dos Montes e, devido a sua influência conquistada, era procurado por políticos locais para apoio eleitoral.

Como deve ser, o samba-enredo que entoarão em 2024 apresenta Rás Gonguila de uma forma primorosa. Logo na primeira estrofe faz menção à dinastia real da qual vem (ou entende vir) Gonguila, “Herdeiro da dinastia e das lutas de Zumbi / De Palmares às palmeiras e marés”, e à sua profissão primeira e ao bloco que criou, “De nobre engraxate ao novo horizonte:Real cavaleiro dos montes”. Apresenta elementos da religiosidade, da mística e da música, como o coco e o samba de roda. Em sua estrofe principal, no entanto, onde um crítico viu uma agressividade desnecessária, vi um pouco do delírio do carnaval. “Aqui é Beija-Flor, doa a quem doer”, ora, quem está se doendo realmente está do outro lado do país, na própria Maceió que afunda. Por sorte dos cariocas, em sua Maceió de carnaval, ao menos, não há Braskem.

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Jaqueline Ribeiro
Jaqueline Ribeirohttps://www.diariocarioca.com/
Jaqueline Ribeiro é bacharela em Comunicação/Jornalismo pela UEMG-Frutal, interessada por tudo o que conta histórias, escreve sobre livros, filmes e discos

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