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A herança deixada pelo Twitter ao entretenimento brasileiro

Com quase 20 anos de existência, qualquer rede social acumula histórias. Em se tratando de um microblogging, onde se conveniou narrar os acontecimentos simultaneamente, as histórias se tornaram infinitas, nascendo, viralizando e sendo substituídas por outras todos os dias, incansavelmente. Ainda assim, mesmo que houvesse um público cativo, nunca chegou a ser o mais popular e seu auge (no Brasil, pelo menos) já havia passado há muito tempo quando Elon Musk o adquiriu e o converteu em X.

O dono problemático e suas decisões arbitrárias até afastaram algumas pessoas, mas a gota d’água foi a decisão do ministro Alexandre de Moraes, que apoiado pela maioria do STF, decidiu pelo fechamento da rede no país e forçou a debandada. Ainda que haja o luto pelo “ente” querido cultivado durante os anos, algumas obras contadas pela primeira vez lá ganharam vida fora dos 140/240 caracteres e de seus fios, as threads. São bons exemplos o quadrinho Arlindo, a série “Eu, a vó e a boi”, que virou seriado adaptado pelo Miguel Falabella para a Globoplay, “Pablo e Luisão” do Paulo Vieira, em processo de produção, e provavelmente um dos maiores podcasts do Brasil: Não inviabilize.

O podcast, que recebeu esse nome porque era a @ da dona, Déia Freitas, tem como carro-chefe o quadro Picolé de limão e começou no twitter como Amor nas DMs porque era dessa forma que as histórias chegavam para a contadora, pelas mensagens diretas (uma ferramenta da rede social). Como o próprio nome diz, eram histórias de amor que chegavam, recebiam um tratamento e eram postadas. Com a popularidade e a diversidade de histórias, houve a divisão em quadros. Luz Acesa, voltado para histórias sobrenaturais/terror, é dessa época, um dos quadros mais antigos e até hoje um dos mais populares. 

O sucesso, claro, não veio sem dissabores. A dinâmica da rede social possibilitava o palco em todas suas vantagens e desvantagens. Déia criou um público fiel, disposto a colaborar para manter o projeto e tudo o mais envolvido, mas também foi alvo de cancelamentos e de diversos questionamentos, que jogados descuidadamente, alimentaram calúnias e também mentiras. Uma das últimas polêmicas em que esteve envolvida se referia a ter quitado os imóveis de seus colaboradores.  

Enquanto a decisão ou a situação administrativa do X não se altera, o público continua em busca de uma alternativa que possa substituir a rede social que conseguiu a façanha, apesar das mudanças e de todos os pesares, de ser um verbo dicionarizado e um moinho fantástico de histórias. Vai fazer falta.

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Jaqueline Ribeiro
Jaqueline Ribeirohttps://www.diariocarioca.com/
Jaqueline Ribeiro é bacharela em Comunicação/Jornalismo pela UEMG-Frutal, interessada por tudo o que conta histórias, escreve sobre livros, filmes e discos

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