O deputado federal e pastor evangélico Otoni de Paula (MDB-RJ) fez um forte desabafo nesta quarta-feira (29) na Câmara dos Deputados sobre a megaoperação policial nos Complexos do Alemão e da Penha que resultou em mais de 100 mortos. Ele relatou que quatro filhos de membros da sua igreja, Ministério Missão de Vida, foram assassinados, apesar de nunca terem portado armas.
Otoni criticou a forma como os mortos são contabilizados pela polícia, dizendo que “preto correndo em dia de operação na favela é bandido” e que mesmo trabalhadores são tratados como criminosos pela repressão. Visivelmente emocionado, destacou o medo por seu próprio filho, que vive dentro da comunidade e é negro.
Segundo ele,
“É fácil subir nessa tribuna e dizer ‘que bom, matou’. É porque o filho de vocês não está lá dentro, como meu filho está, o tempo todo dentro de uma comunidade. Sabe qual o meu pânico? É que ele é preto.”
A megaoperação contou com cerca de 2.500 agentes e teve como foco a desarticulação do Comando Vermelho. Registrou-se intensa violência com tiroteios, bloqueios e suspensão de aulas em várias escolas da região.
Autoridades afirmaram apreensão de armas pesadas e prisões, mas a Defensoria Pública e organizações de direitos humanos denunciam execuções sumárias e torturas dentro das comunidades abaladas.


