Resistência

Psol aciona MP para barrar obra de 22 andares no Buraco do Lume e acusa Paes de especulação imobiliária

Partido denuncia especulação imobiliária e agressão ambiental em área de valor cultural no Centro do Rio.

JR Vital
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JR Vital
JR Vital é jornalista e editor do Diário Carioca. Formado no Rio de Janeiro, pela faculdade de jornalismo Pinheiro Guimarães, atua desde 2007, tendo passado por...
Parlamentares do PSOL

Deputados e vereadores do Psol formalizaram nesta segunda-feira (27) uma representação no Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) para impedir a construção de um prédio residencial de 22 andares no Buraco do Lume, localizado na Praça Mário Lago, no Centro do Rio de Janeiro. O grupo contesta a legalidade do licenciamento concedido pela Prefeitura, pedindo suspensão imediata da autorização até análise completa do caso.

Criticismo ao licenciamento e defesa do patrimônio público

Integrantes do Psol, entre eles os deputados federais Chico AlencarGlauber BragaHenrique VieiraTalíria Petrone e Tarcísio Motta; os deputados estaduais Dani MonteiroFlavio SerafiniProfessor Josemar e Renata Souza; e os vereadores Mônica BenícioWilliam Siri e Túlio Rabelo, denunciam o projeto como um claro caso de especulação imobiliária e apropriação privada de espaço público. Segundo o partido, não há justificativa urbanística que sustente a obra, que desrespeita a vocação cultural e social do local.

O deputado federal Chico Alencar destacou a gravidade do impacto: “Entramos com representação no MP questionando a legalidade do licenciamento, que autoriza uma edificação de vários andares, inclusive derrubando até 55 árvores, no Buraco do Lume. É uma aberração urbanística, uma agressão ambiental e um atentado contra a cultura, os feirantes e frequentadores do espaço.”

O deputado também ressaltou o valor simbólico da área, conhecida como palco de debates políticos e homenagens à vereadora Marielle Franco. “A população rejeita essa subordinação do poder público à especulação imobiliária. Esperamos que o MP e a Justiça ajam com urgência,” completou.

Projeto aprovado e controvérsias do Reviver Centro

A obra foi autorizada pela Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano e Licenciamento (SMDU) dentro do programa Reviver Centro, que visa aumentar a moradia na região central da cidade. O empreendimento, apelidado de “novo Balança mas não cai,” é o maior já aprovado pelo programa até agora, contando com 720 unidades do tipo studio, entre 25 e 35 metros quadrados.

O prédio terá 22 a 24 andares, oferecerá piscina, academia, espaço gourmet e bicicletário, mas não terá vagas de garagem. A construção ocupará 2.500 metros quadrados de um terreno arborizado de 6 mil metros, com potencial remoção de até 40 árvores.

Enquanto empresários veem o projeto como uma âncora para revitalização residencial, urbanistas e parte da sociedade civil defendem a preservação do local como área de respiro em um centro já densamente construído.

Riscos ambientais e valor simbólico ameaçados

O Buraco do Lume é um dos poucos espaços verdes remanescentes no Centro do Rio, com importância histórica, social e cultural reconhecida. O decreto municipal 6.159/1986 restringia o uso da área a equipamentos culturais, reforçando seu caráter público.

Organizações civis e movimentos sociais alertam para o risco de descaracterização da praça e agravamento dos impactos ambientais, prejudicando feirantes e frequentadores tradicionais.

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JR Vital é jornalista e editor do Diário Carioca. Formado no Rio de Janeiro, pela faculdade de jornalismo Pinheiro Guimarães, atua desde 2007, tendo passado por grandes redações.