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Jair Bolsonaro chega ao STF para depor sobre golpe

Alexandre de Moraes inicia audiências com Mauro Cid e réus ligados à tentativa de golpe após vitória de Lula da Silva

Jair Bolsonaro enfrenta STF por trama golpista de 2022

Brasília, Brasil – 9 de junho de 2025
O ex-presidente Jair Bolsonaro compareceu nesta segunda-feira ao Supremo Tribunal Federal (STF) para acompanhar pessoalmente o início dos interrogatórios no processo que apura a tentativa de golpe de Estado organizada por militares e aliados civis após a vitória de Lula da Silva nas eleições de 2022. A audiência marca uma nova fase no cerco judicial contra o ex-mandatário e os principais articuladores da ofensiva antidemocrática, revelada por delações, documentos e mensagens interceptadas pela Polícia Federal.

A sessão inaugural é conduzida pelo ministro Alexandre de Moraes, relator do caso e principal alvo das investidas golpistas do bolsonarismo. O primeiro a depor é o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro e peça-chave nas investigações. Cid firmou acordo de delação premiada e entregou provas que colocam o ex-presidente no centro da conspiração.


Mauro Cid abre a série de depoimentos

A escolha de Mauro Cid para inaugurar as oitivas não é casual. O militar, que durante o governo Bolsonaro teve acesso direto aos bastidores do poder, confirmou em delação à Polícia Federal a existência de uma minuta de decreto de estado de sítio, planos de uso das Forças Armadas para anular as eleições e articulações com juristas e empresários para garantir a permanência de Bolsonaro no poder.

Cid também entregou áudios, trocas de mensagens e registros de reuniões com membros do alto escalão do governo e das Forças Armadas. Entre os documentos apreendidos, está a minuta de um decreto que previa a prisão de ministros do STF, incluindo o próprio Alexandre de Moraes.

O depoimento de Cid ocorre a portas fechadas, mas fontes do STF indicam que o militar reafirmou pontos centrais de sua delação, vinculando diretamente o ex-presidente às decisões mais graves da tentativa de ruptura institucional.


STF dedica semana à investigação do golpe

O ministro Alexandre de Moraes reservou todos os dias úteis desta semana exclusivamente para ouvir os acusados. As sessões ocorrem na Primeira Turma do STF e, nos dias sem sessões plenárias, se estendem até o período da noite. Nesta terça-feira (10), por exemplo, os depoimentos estão programados das 9h às 20h.

Além de Bolsonaro, outros sete réus apontados pela Procuradoria-Geral da República (PGR) como integrantes do núcleo estratégico da trama golpista serão interrogados. Entre eles estão ex-ministros, militares da ativa e da reserva, além de assessores diretos do ex-presidente. Todos são investigados por crimes como abolição violenta do Estado democrático de direito, associação criminosa, e tentativa de golpe de Estado.


Bolsonaro tenta demonstrar tranquilidade

Na chegada ao STF, Jair Bolsonaro declarou estar “tranquilo”, apesar da gravidade das acusações. A declaração contrasta com o crescente isolamento político e judicial do ex-presidente. Com aliados delatando e provas se acumulando, Bolsonaro já responde a dezenas de processos no TSE, no STF e na Justiça Federal.

A presença no Supremo tem também um simbolismo político. Cercado de apoiadores e assessores, Bolsonaro tenta manter o discurso de vítima de perseguição, narrativa central para mobilizar sua base e tentar conter o desgaste diante das revelações que o colocam como articulador de uma tentativa de ruptura institucional.


Trama golpista envolveu militares, juristas e empresários

As investigações da Polícia Federal revelaram uma articulação complexa que envolveu setores das Forças Armadas, juristas ligados ao bolsonarismo e empresários financiadores da desinformação. A delação de Mauro Cid confirmou a existência de um “gabinete de crise” que operava dentro do Palácio do Planalto e monitorava os passos do STF e do TSE.

Interceptações telefônicas, e-mails e relatórios de inteligência apontam que o grupo planejava um golpe caso a vitória de Lula fosse confirmada. O plano previa a edição de um decreto inconstitucional, a prisão de ministros e o uso da Garantia da Lei e da Ordem (GLO) para reprimir protestos e manter Bolsonaro no poder por via de fato.


O Carioca Esclarece

O que está em jogo nas oitivas do STF?
As oitivas podem consolidar provas de que Jair Bolsonaro não apenas teve conhecimento da trama golpista, mas a liderou. As delações e os depoimentos podem transformar o ex-presidente de investigado em réu principal por tentativa de golpe.

Qual o papel de Mauro Cid nas investigações?
Mauro Cid foi o elo entre o presidente e os setores militares envolvidos na conspiração. Sua colaboração permitiu acessar documentos inéditos, confirmar encontros sigilosos e desvendar o modus operandi do núcleo golpista. Seu depoimento tem peso técnico e simbólico.

Há precedentes internacionais para o caso Bolsonaro?
Sim. O caso guarda semelhanças com a invasão ao Capitólio por apoiadores de Donald Trump, também acusado de incitar uma tentativa de golpe após perder as eleições de 2020. Em ambos os casos, as instituições judiciais se tornaram alvos centrais das estratégias autoritárias.


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