Brasília, Brasil – 8 de junho de 2025
A Polícia Federal informou ao Supremo Tribunal Federal que o deputado licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) não foi localizado para prestar depoimento no inquérito que apura sua participação em atos de coação contra autoridades brasileiras. A recusa do parlamentar em responder, mesmo com autorização para fazê-lo por escrito, reforça o cerco judicial contra os articuladores da ofensiva antidemocrática no exterior.
A apuração conduzida por ordem do ministro Alexandre de Moraes, do STF, investiga se o filho do ex-presidente Jair Bolsonaro atuou para obstruir investigações, intimidar magistrados e incitar rompimentos institucionais durante sua estadia nos Estados Unidos. A resistência em colaborar com as autoridades brasileiras amplia a tensão diplomática e jurídica em torno da atuação de parlamentares bolsonaristas em território estrangeiro.
Recusa sistemática de Eduardo Bolsonaro agrava suspeitas
Segundo a Polícia Federal, foram utilizadas diversas formas de contato com Eduardo Bolsonaro, mas nenhuma resposta foi obtida. As tentativas incluíram envio de comunicações oficiais, e-mails institucionais e mensagens por meio de intermediários ligados ao gabinete parlamentar e à sua equipe de comunicação pessoal.
O relatório enviado ao Supremo detalha que Eduardo Bolsonaro não acusou recebimento das notificações e tampouco justificou sua ausência no inquérito. Apesar de estar licenciado do mandato, o parlamentar mantém plena atividade política nos EUA, participando de conferências da ultradireita internacional e mantendo interlocução com aliados de Donald Trump e Steve Bannon.
A autorização de Moraes para que o depoimento fosse prestado por escrito e à distância visava justamente facilitar a colaboração. Ao ignorar mesmo esse formato, Eduardo passa a ser alvo de um possível pedido de condução coercitiva internacional, o que reabre o debate sobre a extraterritorialidade da Justiça brasileira e a conivência de autoridades norte-americanas com a extrema direita brasileira.
Eduardo age dos EUA para sabotar o Judiciário
O inquérito em curso investiga a participação de Eduardo Bolsonaro em ações de desinformação, sabotagem judicial e articulação internacional contra instituições democráticas brasileiras. Em eventos realizados nos EUA, o deputado licenciado acusou o STF de perseguição política, atacou diretamente Alexandre de Moraes e sugeriu que magistrados brasileiros seriam “alvos legítimos” de sanções por parte do Congresso norte-americano.
Essas declarações, segundo os autos, configuram indícios de coação no curso do processo judicial, tentativa de intimidação de membros do Supremo e incitação à subversão da ordem constitucional. Há ainda suspeitas de que Eduardo tenha colaborado com campanhas de desinformação coordenadas por aliados internacionais, especialmente ligados ao entorno digital de Steve Bannon.
Conivência diplomática e blindagem institucional
O fato de Eduardo Bolsonaro continuar atuando livremente em solo americano levanta questionamentos sobre a omissão do Itamaraty e o papel do governo dos Estados Unidos diante das investigações em curso. Mesmo com o avanço dos inquéritos no Brasil, não há registro de cooperação formal com o FBI ou com o Departamento de Justiça dos EUA para localizar e interrogar o parlamentar.
Essa blindagem tácita alimenta especulações sobre uma rede de proteção internacional à família Bolsonaro, sobretudo diante da aproximação das eleições presidenciais norte-americanas, nas quais a ala trumpista pretende retomar protagonismo com apoio explícito da ultradireita latino-americana.
O Carioca Esclarece
Por que Eduardo Bolsonaro está sendo investigado pela Polícia Federal?
Porque há indícios de que ele tenha atuado para coagir autoridades do Judiciário brasileiro e obstruir investigações judiciais, especialmente no contexto dos atos golpistas de 8 de janeiro. Suas falas nos EUA e a tentativa de criar pressão internacional contra o STF são centrais no inquérito.
Ele pode ser forçado a depor mesmo estando nos EUA?
Sim. A depender da evolução do inquérito, o STF pode solicitar cooperação internacional ou até mesmo decretar medidas cautelares, como a apreensão de passaporte e condução coercitiva. A recusa reiterada em colaborar pode agravar sua situação legal e gerar novos desdobramentos criminais.
O silêncio de Eduardo tem efeitos políticos?
Sim. A postura de Eduardo Bolsonaro revela a estratégia da extrema direita de se blindar no exterior, driblando instituições nacionais. Ao ignorar a Justiça brasileira, ele também busca reforçar sua base ideológica, apresentando-se como vítima de perseguição. Isso consolida sua imagem entre bolsonaristas radicais, mas pode afastar o centro político e dificultar alianças eleitorais futuras.