Washington, EUA – 5.jun.2025 – A guerra declarada entre Donald Trump e Elon Musk atingiu um novo patamar nesta semana. Em entrevista ao The New York Times, o ex-estrategista da Casa Branca e braço ideológico do trumpismo, Steve Bannon, pediu publicamente a deportação imediata do bilionário sul-africano e exigiu que o governo cancele todos os contratos com suas empresas, como Tesla e SpaceX. A acusação? Segundo Bannon, Musk seria “um imigrante ilegal” que estaria agindo contra os interesses dos Estados Unidos.
A ofensiva verbal é parte de uma escalada política e empresarial que já derrubou ações na bolsa e colocou dois dos homens mais influentes da direita global em rota de colisão total. Bannon também sugeriu que o Departamento de Justiça investigue uso de drogas por parte de Musk e criticou sua suposta tentativa de obter reuniões confidenciais no Pentágono com autoridades ligadas à política dos EUA para a China.
Extrema direita racha por poder e dinheiro
As falas de Bannon expõem mais do que um conflito de egos: revelam a crise interna no comando da direita norte-americana. Elon Musk, outrora aliado e financiador de políticas trumpistas, passou a atacar abertamente o governo. Em sua plataforma X, chamou o novo pacote fiscal de Trump de “abominação repugnante” e afirmou que o projeto aumentaria o déficit em trilhões de dólares.
A resposta de Trump foi imediata. O presidente sinalizou que pretende cortar todos os subsídios federais a empresas ligadas a Musk, incluindo contratos bilionários com agências como NASA, Departamento de Defesa e até o Serviço Postal. A ameaça derrubou as ações da Tesla em mais de 14%, reduzindo o valor de mercado da empresa para US$ 888 bilhões. Estima-se que Musk tenha perdido R$ 144 bilhões em patrimônio.
A crise abalou os bastidores republicanos. Musk, desafiando abertamente Trump, defendeu que o senador ultraconservador J.D. Vance assuma a liderança do partido em 2028. O movimento foi visto como tentativa de isolar Trump no próprio campo que ele ajudou a radicalizar.
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Epstein, drogas e vendetta digital
O confronto escalou ainda mais quando Musk, em tom ameaçador, insinuou ligação direta entre Trump e o escândalo de Jeffrey Epstein, o financista morto em 2019 sob custódia federal após ser acusado de comandar uma rede internacional de tráfico sexual de menores. “Hora de soltar a bomba de verdade. Donald Trump está nos arquivos Epstein”, escreveu Musk no X. A postagem viralizou, mas também levantou suspeitas de chantagem velada.
Trump respondeu pelo Truth Social, rede social mantida por seus aliados, classificando Musk como um “ex-colaborador desgastado que perdeu o controle”. Afirmou que o bilionário “pirou” depois de deixar o governo e que cortar seus subsídios seria a forma mais rápida de economizar “bilhões de dólares do povo americano”.
Já Steve Bannon, atuando como escudeiro de Trump, transformou a retórica em ataque frontal. Ao acusar Musk de estar ilegalmente nos EUA, Bannon resgata o velho discurso nativista da extrema direita, agora dirigido contra um bilionário que já foi símbolo do capitalismo “visionário”. A estratégia é clara: deslegitimar Musk como figura pública e colocá-lo no mesmo campo de inimigos que inclui George Soros, Barack Obama e os chamados “globalistas”.
O risco político de enfrentar Musk
Apesar do confronto público, Musk ainda controla redes estratégicas de comunicação e influência. Seu domínio sobre a plataforma X, o antigo Twitter, ainda é visto como trunfo para a direita digital, inclusive para grupos ligados ao trumpismo. No entanto, com a ruptura, cresce o risco de que Musk se aproxime de setores rivais dentro do Partido Republicano — ou até mesmo do campo libertário.
Nos bastidores, assessores do Partido Democrata já avaliam como explorar o racha para enfraquecer Trump nas eleições legislativas de novembro. A conflagração pública entre os dois bilionários cria um vácuo de liderança que pode ser ocupado por nomes como Ron DeSantis ou Nikki Haley, ambos em silêncio diante do episódio.
A aposta de Bannon, contudo, é arriscada. Ao chamar Musk de “imigrante ilegal”, reacende a xenofobia de campanha, mas também pode acionar mecanismos diplomáticos e jurídicos internacionais — Musk tem cidadanias sul-africana, canadense e americana.
O Carioca Esclarece
Steve Bannon pode mesmo pedir a deportação de Elon Musk?
Não oficialmente. Bannon não ocupa cargo público, mas sua influência sobre Trump é notória. A acusação de “imigrante ilegal” é infundada até o momento, já que Musk obteve cidadania americana em 2002. O objetivo político é desmoralizá-lo.
Qual o impacto econômico do rompimento entre Trump e Musk?
Imediato. A queda nas ações da Tesla indica que investidores temem cortes de contratos governamentais. Além disso, a hostilidade pode afetar setores estratégicos como aeroespacial, energia limpa e inteligência artificial, onde a SpaceX e a Tesla têm protagonismo.
Por que Elon Musk atacou Trump com o nome de Epstein?
A menção ao escândalo Epstein sugere uma guerra de chantagens. Musk tenta pressionar Trump revelando que ele pode estar ligado ao círculo de poder do financista. A acusação é grave e, se documentada, teria potencial explosivo para 2026.