Brasília, Brasil – 5 de junho de 2025 – A mais recente pesquisa da Quaest reforça o favoritismo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para as eleições presidenciais de 2026. Mesmo em um cenário de aparente apatia política, com baixos índices de voto espontâneo, o petista aparece à frente ou empatado com todos os adversários testados. O levantamento sugere que, enquanto a oposição ensaia alternativas ao bolsonarismo clássico, Lula mantém a dianteira graças à estabilidade econômica e ao peso da máquina pública.
Apesar da intensa polarização dos últimos anos, a temperatura política está morna. O voto espontâneo – em que o eleitor escolhe sem sugestões – revelou apenas 11% para Lula e 9% para Bolsonaro, o que sinaliza, segundo analistas, uma conjuntura de relativa normalidade institucional e ausência de crise. Esse silêncio, porém, pode favorecer quem já ocupa o Planalto.
Cenário congelado entre Lula e a direita
A pesquisa testou oito cenários distintos. Em um eventual segundo turno com Jair Bolsonaro, Lula aparece matematicamente empatado em 41%, reeditando a divisão vista em 2022. Contra Tarcísio de Freitas, governador de São Paulo e nome forte da direita liberal-bolsonarista, o empate também persiste: 41% para Lula e 40% para Tarcísio.
Mesmo diante da inelegibilidade de Bolsonaro, a pesquisa indica que o campo da direita permanece fragmentado. Michelle Bolsonaro é a favorita entre os bolsonaristas puros: 44% dizem preferi-la, contra apenas 17% para Tarcísio e 10% para o deputado Eduardo Bolsonaro.
A Quaest confirma a tendência de que Tarcísio pode agregar mais fora do núcleo bolsonarista, sendo o preferido entre eleitores de direita não radicalizada. No entanto, sua performance ainda não supera Lula.
Contra Michelle, Lula tem vantagem
Num embate direto com Michelle Bolsonaro, o presidente teria 43% dos votos, contra 39% da ex-primeira-dama. Apesar de sua visibilidade entre o eleitorado conservador, Michelle ainda é vista como um nome de perfil limitado, sem histórico executivo ou articulação nacional consolidada.
Esse dado é crucial para o PT. Michelle tem sido testada como solução simbólica ao vácuo deixado por Bolsonaro, mas a pesquisa sugere que sua popularidade não se traduz, até o momento, em viabilidade eleitoral.
Estabilidade econômica dá fôlego ao governo
O pano de fundo dos números é uma economia que, embora ainda enfrente desafios, apresenta indicadores positivos. O PIB deve crescer em 2025 e 2026, a inflação está controlada, o desemprego recuou e as contas públicas estão em ordem. Esses fatores estruturais são cruciais para manter a imagem de um governo funcional e confiável diante do eleitorado.
Lula deverá explorar esses trunfos ao máximo em sua pré-campanha: investimentos em infraestrutura, programas sociais revitalizados e diplomacia ativa são peças-chave para construir uma narrativa de progresso e estabilidade, em contraste com o legado de crise deixado pelo bolsonarismo.
Oposição sem projeto nacional
Enquanto isso, a oposição enfrenta um dilema: sem Bolsonaro no páreo, não há um projeto claro. Tarcísio tenta se viabilizar como alternativa técnica e de centro-direita, mas ainda preso ao bolsonarismo. Michelle aposta na herança emocional do marido, mas sem discurso próprio.
Além disso, os escândalos envolvendo Jair Bolsonaro — de falsificação de cartão de vacinação a investigações por conspiração golpista — continuam afetando o campo da direita. O “vitimismo” pode até manter o núcleo engajado, mas compromete a construção de uma agenda política positiva.
O Carioca Esclarece
Por que a pesquisa Quaest é relevante neste momento?
Porque mede o humor do eleitor em 2025, antes do aquecimento eleitoral. Mesmo sem campanha na rua, Lula mantém vantagem, o que indica base sólida.
Michelle Bolsonaro pode ser a sucessora natural de Jair?
Entre os bolsonaristas, sim. Mas fora desse grupo, enfrenta rejeição e falta de experiência. Sua viabilidade nacional ainda é limitada.
A economia será decisiva para Lula em 2026?
Sim. Com estabilidade, Lula pode oferecer um contraste direto com o caos institucional de 2019 a 2022. Se os indicadores se mantiverem, a reeleição será um cenário provável.